quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Ajudar crianças com medo de ir à escola‏

Conhecida mais no passado como Fobia Escolar, classificada sob o título geral de “Ansiedade de Separação”, ocorre quando crianças manifestam ansiedade e medo importantes que as atrapalham de ir à escola. Há causas variadas para isto e faz parte da solução não deixar a criança ficar muito tempo sem retornar à escola.
Cerca de 1 a 5% de crianças de qualquer idade apresentam esta ansiedade. Ocorre em igual número em meninos e meninas. É mais comum em crianças de 5, 6, 10 e 11 anos de idade e em igual quantidade em todas as classes sócio-econômicas.
Há diferenças entre uma criança com este tipo de medo e aquelas que são gazeteiras, vadias ou que “matam” aulas intencionalmente. Nas que têm a Ansiedade de Separação, o estresse é muito alto quando pensam em retornar à escola, os pais sempre sabem do que está ocorrendo, não há nenhum comportamento anti-social presente, durante o horário das aulas estão em casa, o que não ocorre com os vadios, que não têm ansiedade quanto a idéia de ir à escola, tentam enganar os pais quanto à faltar as aulas, há geralmente comportamento anti-social como mentir, roubar, más companhias, durante o horário das aulas estão fora de casa.
O começo da Ansiedade de Separação é geralmente gradual, podendo iniciar após um feriado, uma doença ou após férias. Algumas crianças até saem de casa para ir à escola e no meio do caminho se sentem extremamente ansiosas e rejeitam ficar lá.
Problemas em casa, ou com coleguinhas ou com algum funcionário na escola podem estar gerando este sofrimento para a criança. Questões ligadas ao temperamento da criança (algumas são muito mais sensíveis e vulneráveis precisando de mais proteção), conflitos importantes entre os pais, abusos variados contra a criança, pais superprotetores, são possíveis causas.
Os sintomas mais freqüentes são: medo, pânico, choro intenso, acessos de raiva, sintomas físicos que melhoram quando se permite a criança ficar em casa, tais como tonteira, dor de cabeça, tremor, diarréia, dor abdominal, vômito, dor nas costas, etc. Quanto mais a criança permanece fora da escola, mais difícil é retornar.





A Ansiedade de Separação ocorre em outras circunstâncias e não só quanto à escola, como por exemplo: sofrimento excessivo e recorrente (que se repete) diante da ocorrência ou previsão de afastamento de casa ou de pessoas com quem há forte vínculo afetivo; preocupação persistente e excessiva acerca de perder, ou sobre possíveis perigos em relação à pessoas de vínculo forte com a criança; medo excessivo de que algo ruim possa separar as pessoas com quem a criança se sente segura; medo excessivo de dormir sem a presença de pessoa de forte vínculo; pesadelos repetidos envolvendo o assunto de separação.
É importante observar, entretanto, que crianças podem vez ou outra apresentar um mal estar físico como suores frios, sensação de desmaio, tontura, vômitos, náuseas e isto estar relacionado com alguma doença física. Daí o pediatra deve investigar.
O que se pode fazer inclui:
1. Comunicação com a escola para que uma pessoa de confiança do aluno possa dar mais apoio no ambiente escolar até que a criança melhore e também para checar se estará ocorrendo algo traumático com ela na escola;
2. Pais demonstrarem sinceramente que gostam da criança, que estão contentes por ela fazer parte da família, o que deve ser feito pelo pai e pela mãe desde que ela é um bebê, falando repetidas vezes com afeto real;
3. Pais devem evitar duplas mensagens para que a criança não fique insegura por perder a referência de com quem e com o que podem contar. Dupla mensagem pode ser uma hora o pai/mãe abraçar, beijar e outra hora atacar a criança, depreciá-la ou criticá-la duramente. Também pode ser mentiras que se diz para a criança como, por exemplo, que você vai sair e não vai demorar e passar horas fora de casa. Isto gera insegurança na criança e a deixa mais “grudenta” e choramingando muito já que existe o medo de ser abandonada em qualquer momento;
4. Verificar se não há na criança alguma dificuldade de aprendizado que acaba gerando fobia escolar pois ela (como um adulto qualquer) não quer expôr sua dificuldade diante dos outros. A orientadora psicopedagógica da escola é a pessoa para fazer uma primeira avaliação;
5. Os pais têm que ser firmes na hora da criança ir para a escola, isto combinado com sensibilidade para com o que estará ocorrendo de traumático com ela;
6. Pais devem evitar ficar se culpando, ou, pior, um culpando o outro e na frente da criança, pois isto só piora;




7. Se a ansiedade for demasiadamente forte, e após avaliação médica clínica nenhum diagnóstico de doença orgânica for encontrado, deve-se levar a criança para uma avaliação psicológica com profissional psicólogo clínico infantil, pois poderá ser necessário um tratamento específico com ou sem medicação. Se for somente indicado uma terapia psicológica, a terapia cognitivo-comportamental pode produzir bons resultados, pois ajudará a criança a pensar e agir de forma diferente diante do medo, sendo realizada por psicólogo clínico treinado nesta abordagem. Se a fobia for resistente à terapia, um psiquiatra infantil deverá ser consultado para avaliar outras doenças mentais e a necessidade ou não de se prescrever algum medicamento

Nenhum comentário:

Postar um comentário